Há algumas semanas, em soube que teríamos uma oficina de tipografia como parte de uma matéria na especialização de design que estou cursando. Teríamos que produzir alguma coisa pequena, como um cartão de visitas. Decidi fazer meu ex-libris. Pesquisei algumas coleções na Internet, pesquisei em livros e pensei um pouco. A coleção de tipos da tipografia da USP é bastante razoável, mas, como havia faltado a aula na qual distribuíram os catálogos, tive que escolher os tipos na hora mesmo. Como tinha idéia do que queria - tinha até um rascunho desenhado - não demorou tanto assim.
Queria algo com cara de antiguinho - como a própria idéia de um ex-libris - decidi usar dois tipos, um com jeito manuscrito e rebuscado e outro antigo, além de ornamentos. Na minha primeira tentativa, escolhi um tipo que o menos tamanho não permitia escrever o meu nome no cartão e tive escolher de novo. Acabei usando uma fonte chamada Arcona (16 pt.) para Ex Libris e meu nome e Garamond (12 pt.) para os dizeres. Catei as fontes nas gavetas, montei a matriz, fiz meu teste e fiquei satisfeito. Alguns dias depois recebi os cartõeszinhos. O resultado foi este:
Pensei bastante em usar um lema em latim, mas nenhum deles parecia sintetizar tão bem a minha relação com os livros. Pensei, por um momento em usar "Today I read a book that tells me to go on new adventures. Tomorrow I'll read another book.", frase do Eddie Campbell, mas fiquei com medo de não caber no cartão ou ficar muito apertado.
Devo ter uns cento e cinquenta cartões - suficientes para alguns anos de livros, se não for colando em todos que eu já tenho. Quando tiver a oportunidade - ou quando estiverem terminando - pretendo fazer mais, também pelo processo tipográfico e quem sabe incluindo alguma imagem. O primeiro que recebeu o ex-libris foi o primeiro livro que chegou depois dos cartões - o As Aventuras da Linha, catálogo da exposição de Saul Steinberg que vi no dia seguinte e ganhei de aniversário.
Mais do que ter ficado contente com o resultado, estou orgulhoso dele. Talvez pela novidade do processo para mim, talvez por ter por ter tocado um pouco tradições antigas e cada vez menos lembradas.
2 comentários:
saudades imensas vossas.
mas você precisa aprender a ceder livros, não apenas dar ou emprestar, mas deixar anonimamente em ônibus para desconhecidos se apossarem, como tenho feito.
É um exercício da perda, no sentido de Liz Bishop em One Art.
Eu tenho dado livros meus, mas para pessoas que sei que vão apreciar. Não confio no transporte público para isso.
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